O que falta é mais amor a vida.

Esses dias eu fui ao centro da minha cidade, Rio de Janeiro.
Voltei de lá triste, me achando super pra baixo porque não tinha conseguido o que eu queria.
Eu realmente naquele momento estava me achando um fracasso.
De repente em certo ponto de ônibus, subiu uma mulher. Morena, cabelo curto, desarrumada, mas sincera.
Ela tava ali trabalhando, vendendo doces dentro do ônibus. Pra mim ela parecia não ter nada.
Ela dizia que sofria de disturbios psicológicos e que precisava de um médico, mas que também precisava ainda mais cuidar dos filhos, por isso estava ali.
Ela disse que pra não roubar, e não fazer coisas erradas, ela preferia correr atrás porque era bem melhor.
Disse também que ela não tinha muito, mas que o que ela tinha, ela fazia de tudo pra repartir com quem tinha bem menos que ela.
Eu fiquei impressionada quando ela disse:
"Tem vezes que meus filhos, não tem nada pra comer, mas hoje eu sei que tô levando um dinheiro pra casa e que pelo menos hoje eles vão comer alguma coisa, nem que seja ovo. Muitas vezes eles passam fome e pedem ajuda as pessoas, mas muita gente não gosta de ajudar porque acha que é viciado em drogas. Mas apesar disso tudo, eu não posso reclamar porque eu tô viva, tenho saúde pra correr atrás do que eu posso pra dar um pouco melhor pra eles, e eu sou feliz... sou muito feliz, sou grata a Deus por tudo."
Naquela hora, todo mundo dentro do ônibus, sofreu um impacto com aquelas palavras, porque até mesmo quando temos tudo, reclamamos.
Trabalhamos e reclamamos que ganhamos pouco ou que estamos cansados, temos comida em casa e reclamamos que a comida é ruim, temos quem nos ampare e reclamamos porque sempre achamos que não é o suficiente.
A cada dia eu aprendo uma coisa, tanto com as pessoas que eu conheço, ou com aquelas que nunca mais verei na minha vida.
Bom, o final da história foi que grande parte de todos que estavam dentro daquele ônibus resolveram ajudar aquela mulher. Uma pessoa deu a ela 10,00 e ela ficou emocionada, e dentro de mim eu também fiquei porque eu pude me colocar no lugar daquela mulher, e compreender a situação em que ela se encontrava. As pessoas do ônibus ajudaram sim, mas não por pena, mas por dar a ela o direito de nunca desistir de ser feliz, e também nunca desistir de ter esperanças de que tudo na vida um dia melhora.

Eu posso dizer por mim mesma que vivo murmurando, nunca tá bom... mas ver aquela mulher dizer da sua vida, e conseguir fazer com as pessoas ajudassem, foi um motivo pra eu pensar: "Todo mundo tá na terra pra uma missão, e só não é feliz quem não quer."